G&L Telecaster Asat Classic Olympic White Relic

G&L é uma empresa americana de fabricação de guitarras fundada por Leo Fender e George Fullerton em 1979, criada depois que a Fender foi vendida para CBS, em 1965. Nesse meio tempo trabalhou na fabrica da Ernie Ball prestando consultoria na construção das Music Man e após pequenas discordâncias de qualidade resolveu abrir a G&L incialmente sem nenhuma preocupação de produzir em grande escala, apenas focando na qualidade absoluta. Em nota escreveu: “As guitarras e baixos G&L são os melhores instrumentos que já fiz.” – Leo Fender.

Em mãos pude constatar que é sem dúvidas a guitarra mais bem construída que já peguei, a Asat Classic é considerada uma das melhores. O corpo em uma linda e bem selecionada peça de Ash bem robusta e de peso moderado, o braço em maple onde a escala tinha uma junção que parecia uma peça única, tudo muito lindo, capricho total…Mas ia ficar mais linda

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Um problema que sempre rola nesse instrumento com esse de madeiramento em Ash é que como os poros são bem fundos, pra você ter um pintura ou um verniz liso e nivelado você precisa aplicar muitas e muitas camadas pra isso, e é sempre uma coisa muito grosseira, mesmo que bonito no resultado final, nesse caso é uma espécie de resina que também é usado nos principais instrumentos chineses de entrada, não é ruim; só para mim que tenho que remover na lixa. Depois de MUITA lixa o resultado é esse: limpo, bonito e sedoso pronto para as próximas etapas.

Mesmo que pintura seja para o relic há de ser uma boa pintura igual a uma original feita nos anos de ouro de muitas marcas, tudo em nitroclulose. Nas fotos acima seguindo a sequência; seladora, laca branca e verniz nitro, é de se perceber na última foto um leve amarelado principalmente nas bordas, isso devido o verniz que na sua composição ja é amarelado e com a quantidade de demãos ele escurece ou inevitavelmente com o tempo, estrategicamente eu já aplico o suficiente para poder trabalhar a tonalidade do Olympic White junto do relic. É todo um processo desde uma boa secagem até os desgastes usando ferramentas certas, o resultado, sinceramente, fantástico.

Nesse tipo de trabalho mostrar os detalhes em fotos é sempre bem difícil, e tem coisas que não dá pra só com foto, pra isso fiz um vídeos mostrando e explicando o porquê de cada coisas e como fazer um relic perfeito. Já de antemão gostaria que você caro leitor fã ou não de relic, se inscrevesse lá no canal, sempre com muito conteúdo bacana, sugestões de acabamentos serão bem vindos, e se quiser fazer um orçamento só clicar aqui.

Olympic White Relic na Fender Mex

Um dos trabalhos que mais gosto de fazer é sem dúvidas a restauração, foi o que mais fiz ao longo desses 11 anos, porém, sempre bom poder expandir os conceitos, o Relic é um deles, para quem não sabe a Fender tem uma setor somente voltado ao Relic, que consiste em produzir instrumentos com características envelhecidas e isso não é para qualquer um! Essas guitarras feitas pelos Masterbuilders da Fender valem verdadeiras fortunas, numa rápida pesquisa por nomes como John Cruz, que hoje já não está mais na Fender, Vincent Van, Dale Wilson, Mark Kendrick, encontramos exemplos do que é o Relic, porém o trabalho é bem mais difícil do que parece, porque é preciso fazer uma pintura totalmente nova para depois desgastar; essa é a palavra certa, desgaste, precisa ser o mais natural possível.

A guitarra chegou assim, bem bonita, com um vermelho poliéster com um leve toque metalizado e com bastante marca de uso, alguns cantos descascados, apesar de seu verniz grosso e com alguns retoques com algo que parecia ser esmalte de unha.

Em uma das partes havia um trincado bem grande onde houve uma preocupação imediata em ser somente a camada da pintura ou se afetava a madeira, e fora os detalhes de um relic natural de uma guitarra dos anos 90.

Todos os detalhes datando Maio de 1994. O escudo já havia passado por algum Luthier que fez uma blindagem, os captadores, a elétrica tudo ok, o lance mesmo era só a pintura, mas é sempre bom checar qualquer coisa antes, como na foto acima, Check ✔

Uma das coisas mais legais de fazer é o lixamento, parte fundamental para uma boa pintura. Sinceramente eu gosto, é quase como uma terapia pois exige bastante paciência para deixar o corpo nesse estado, limpo e sedoso ao toque, é preciso sim uma certa técnica para o lixamento, mas o resultado é espetacular.

Depois do corpo totalmente lixado e sem marca alguma de lixa entra a seladora, aplicada com a pistola fica sempre bem fina, e depois mais algumas demãos da laca nitrocelulose, branco puro, agora é só deixar secar ! Detalhe que a cavidade dos captadores são cobertas com fita mantendo assim a blindagem feita anteriormente.

. Depois de seco a laca fica bem firme e agora é só fazer o relic montar e regular, tomando sempre todos os cuidados para não ficar artificial demais e sempre nos pontos certos de desgaste. Dessa vez não utilizei verniz, por isso o branco mais aberto, o verniz dá o tom mais amarelado.

O relic dessa vez foi bem mais soft, bem classudo. O legal do nitro é que ele praticamente não para de secar e cada vez mais afina, ficando uma casquinha bem fina, em alguns casos é possível tirar até com a unha! Com o tempo vai ficar ainda mais lindo. E você, curtiu? No canal do Youtube eu fiz um video bem legal mostrando todo o seu processo, aproveita e se inscreva lá e ative as notificações!

Relic Olympic White over Sunburst (nitrocelulose)

No mundo das guitarras sempre se pagou fortunas em instrumentos vintage, quanto mais raros e mais antigos, mais caros, alguns modelos nem tem uma tocabilidade tão boa, porém o que o faz ser “hype” é o estilo, aquela pegada de coisa velha mesmo. Alguns realmente vão pelo som, a melhor maneira de soar antigo é utilizando instrumentos da época. Como Luthier tive o privilégio de tocar em muitos desses instrumentos antigos e sacar qual é o barato; a começar pelos captadores, com o tempo vão desmagnetizando e fica um bom apagado, fraquinho mesmo, incrivelmente isso dá um som legal, afinal são tudo timbres, o que não pode é sempre querer seguir o que está em alta, assim todo mundo soa igual, identidade é tudo!

Falando em identidade, todo mundo quer sim ter um instrumento único, digo isso porque sei que para o músico, o instrumento às vezes se uma extensão do nosso corpo, acompanhando a gente a vida inteira, seja na estrada ou em casa mesmo. E nessa de ter algo único o André de Castro resolveu customizar ainda mais a sua guitarra, deixando a bem maneira, não, não estou falando desse vermelho, que também ficou bem legal, mas resolveu ousar um tanto mais.

A guitarra foi a sua primeira, e ao longo dos anos sofreu bastante e apesar da sua pintura grossa, levou pancadas que nem a madeira aguentou, antes de qualquer pintura essa reparo precisou ser feito.

O mais difícil desses instrumentos produzidos na china são as camadas bem grossas e sólidas, hoje em dia eu já sei de cor,o instrumento a marca e o material que se utiliza, se é mais fácil ou mais difícil de remover, a Squier dessa série só com soprador térmico ou na mão mesmo, haja lixa e paciência.

Com bastante esforço e querer a gente consegue deixar o corpo assim, sem um risco de lixa, a madeira sedosa e pronta para receber as camadas de tinta e verniz. É legal sempre que se lixa um instrumento ver como é a sua preparação por baixo da pintura, como é feito na fábrica, e o que de fato eles entregam, pois é muito fácil ter um compilado de madeiras quaisquer com uma pintura bonita por cima. Nesse caso da Squier é o mesmo padrão de sempre, as peças de basswood e uma folha de madeira por cima pra esconder as emendas. Já me questionei muito sobre ser totalmente desnecessário pois estaria com uma cor sólida por cima, diferente se fosse um sunburst ou um translúcido, porém essa folha também ajuda a segurar as colagens das emendas do corpo; muito se vê por aí instrumentos que com o tempo aparecem as emendas mesmo com a tinta por cima.

Algumas fotos da sequência do meu sunburst, da forma como eu faço e que acho muito mais simples tendo controle de tudo. O verniz tingido de amarelo ou stain direito no corpo deixa a profundidade do acabamento muito mais bonito, depois o vermelho sendo o verniz também tingido e depois o preto, único que não é verniz, e pra finalizar mais verniz por cima de tudo. Lembrando, todo o acabamento é em nitro, coisa finíssima!

O nitro é sem dúvidas (para mim) o acabamento mais bonito que tem, porém tem alguns prós e contras que já sabemos; as cores elas fecham com o tempo, dando aquela amarelada e fica sempre um charme, o relic natural é inevitável, pois até com a variação de temperatura acontece dele trincar, é um acabamento mais frágil sem tanto brilho, mas é sempre a melhor escolha pois é um acabamento fino e tende a ficar mais fino com o tempo, o nitro por ter a sua secagem por evaporação ele tá sempre secando.


Depois de toda a secagem do sunburst foi aplicado uma laca nitro branca por cima e na sequência o verniz, que é o que faz o amarelamento, esse processo ocorre com os anos, mas eu estudei bastante pra conseguir acelerar esse processo, e reproduzir o acabamento mais próximo de uma verdadeira guitarra vintage, sem exageros, sem parecer artificial; verniz trincado, amarelado com algumas partes de maior atrito em branco desgastando a área do verniz deixando somente a laca e por baixo o sunburst, tem toda uma técnica e o relic não é tão simples como parece, mas nessa arte eu domino. E como não poderia faltar, tem video de todo o processo abaixo. Curta lá, se inscreve e compartilhe com a galera que é fã dos relics.