Giannini StratoSSonic Jazzbass 1980

Pausa na hora do almoço pra escrever aqui, tudo sempre corrido. Estamos próximo do Natal e eu tenho me esforçado bastante para poder entregar o presente de natal dos meus clientes e amigos, hoje venho aqui compartilhar com vocês esse lindo baixo que recebi semana passada. Quem me conhece sabe o quanto sou fã dos instrumentos vintage, em especial os nacionais, como os Giannini, que ao longo de toda sua história aqui no Brasil fez instrumentos de muito bom gosto e classe, como os Stratosonics. Já tive muitas delas, entre guitarras e baixos, visualmente iguais mas diferentes em som, nenhum era igual ao outro, seja da mesma linha ou não, e esse é o grande charme desses instrumentos. Na época não havia um padrão de qualidade, alguns saíram bons e outros ruins, mas num todo únicos.

Esse lindão aqui é um Giannini StratoSSonic com dois S mesmo, construído em medados de 80/90 caminhando para as Southern Cross, que foi o auge da marca. Construídos em Cedro, marfim e jacarandá, tinham um set de madeiras de ótima qualidade, alguns corpos em 2 ou 3 peças e até inteiriço como eu já vi por aqui, e única coisa que perdia era o tensor de ação única e vira e mexe a captação, mas isso vai de cada um.

A princípio seria só uma regulagem e uma checada na parte elétrica, mas nunca é só regulagem, nunca é “só abaixar as cordas” como alguns dizem, esse por exemplo precisava de uma regulagem geral; desde tensor, nivelamento de trastes, ajuste do nut, altura dos carrinhos da ponte, regulagem de oitavas e uma boa limpeza, foi feito também uma blindagem padrão que sempre faço em qualquer regulagem, é sempre o mesmo processo pra deixar com a melhor tocabilidade possível, porém esse tinha coisa a mais e que me deu bastante trabalho.

O captador da ponte estava com um som falho, sem ganho, sem definição alguma e era bem notável quando comparado ao captador do braço, mesmo sendo cerâmico esses captadores tem um som muito bom, por sinal, cerâmicos são meus preferidos. Pensei que poderia ser alguma solda mal feita, já que alguns fios estavam trocados e quando na verdade era pra aumentar ele diminuía e assim o contrário. Isso é fácil de resolver, a elétrica parecia toda original apesar da ligação contrária nos volumes, resolvi, mexi na solda que liga o cap ao potenciômetro e nada. Resolvi tirar o captador.

Para minha surpresa, o captador por baixo estava com o ferrite partido, e descolado. Bingo! resolvido, coloquei-o de volta com dois pingos de cola e fui testar, nada resolvido. Uma coisa que percebi é que os polos não encaixavam corretamente com o ferrite, não estavam planos, mas como isso aconteceu ? uma queda talvez!!! provavelmente caiu de frente fazendo impacto entre captador e o fundo da cavidade, fazendo com que o ferrite partisse, mas imagine que porrada, já que o ferrite é bem resistente.

Removi facilmente o outro pedaço do imã que havia sobrado ali e pra tirar o excesso de cola resolvi utilizar um removedor de tinta; os removedores derretem tudo e ok é loucura, mas deu super certo! É saber utilizar a ferramenta, sempre com todos os cuidados, é claro.

Depois de limpar a base dos polos, aproveitei pra nivela-los com uma lima, bem reta pra não ter nenhum desnível, processo bem delicado este. Fiz isso por que percebi que a corda mais afetada quando tocada era a corda Ré, justamente na altura onde havia partido o ferrite. Nivelei tudo e abri o captador pra ver se não havia mais alguma coisa antes de montar tudo e testar, pra minha novidade uma fiação muito parecida com o enamel porém rosada, bem bonita. Nesse trabalho de monta e desmonta pra testar levei 3 dias consecutivos quebrando a cabeça pra resolver, no fim aproveitei uma barra de ferrite inteira que tinha guardado aqui, o som no final? Ficou animal mesmo, deu toda a vida de volta a esse instrumento incrível que é.

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